Nefi Cordeiro, que foi ministro de 2014 a 2021, se aposentou precocemente e agora defende Jamil Name Filho.

Advogado de defesa de Jamil Name Filho, o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, Nefi Cordeiro, falou menos de três minutos na primeira vez que lhe foi dada a palavra durante o júri dos três acusados de envolvimento no assassinado do estudante de Direito Matheus Xavier, morto com tiros de fuzil em abril de 2019.
Nefi Cordeiro, de 59 anos, foi ministro do STJ de 2014 a 2021, embora tivesse direito a permanecer no Tribunal até completar 75 anos, o que vai acontecer somente daqui a 16 anos. Ele preferiu se dedicar à advocacia privada e desde então tem sido contratado a julgamentos polêmicos em vários estados.
Em sua breve participação na manhã desta segunda-feira, ele se limitou a perguntar à delegada Daniela Kades, primeira testemunha de acusação, de onde ela teria tirado a informação de que o advogado Antônio Augusto Coelho teria manifestado medo de ser morto por Jamil Name, ao que ela respondeu que foi durante um jantar onde o assunto principal foi a negociação de uma fazenda.
Do jantar em que o advogado teria sofrido as ameaças de morte também participou o desembargador Joenildo Chaves, segundo a delegada, e teria sido ele quem reportou estas ameças. O desentendimento da família Name com o advogado ocorreu por causa da posse da fazenda Figueiras, localizada em Jardim.

O advogado, em nota enviada ao Correio do Estado no último sábado, garantiu que depois dos desentendimentos iniciais chegou a um acordo com a família Name. Informou também que foi testemunha de acusação durante a investigação sobre a morte de Matheus.
Depois desta indagação, o ex-ministro do STJ limitou-se fazer uma espécie de crítica por causa do longo tempo que o Ministério Público e os outros advogados de acusação dedicaram à oitiva da delegada. Segundo ele, o trabalho da polícia está todo no processo, de quase 15 mil páginas, e é impossível que alguém saiba exatamente tudo aquilo que consta no processo.
Pela previsão inicial, três testemunhas deveriam ter sido ouvidas na manhã desta segunda-feira. Porém, até 11:55, quando o julgamento foi suspenso para o almoço, somente a delegada Daniela havia prestado depoimento..
Com isso, para o período vespertino estão agendadas cinco pessoas, entra as quais outros quatro delegados e o pai de Matheus Xavier, que na realidade era o alvo do atentado que vitimou Matheus.
Neste primeiro dia a defesa de Jamil Name Filho já deixou pistas de que vai tentar atribuir desvincular a família Name da morte do filho de Paulo Xavier. Um dos advogados de defesa perguntou à delegada se ela sabia quem era Sérgio Roberto de Carvalho, ao que ela respondeu que não sabia.
O advogado se referia ao Major Carvalho, apontado como o “Escobar Brasileiro”, preso na Bélgica e apontado como um dos maiores traficantes de cocaína da América Latina.
Em 2009, Paulo Xavier chegou a ser detido sob a acusação de que estava a serviço do Major Carvalho na exploração de máquinas caça-níqueis em Campo Grande. Anos depois, porém, foi inocentado de 54 acusações, conforme garante Paulo Xavier. A única condenação, diz, foi porque tinha empresa particular (de transportes e de material de construções) no mesmo período em que ainda era PM, o que é proibido.
Além de tentar ligar o crime ao “Escobar” brasileiro, a defesa vai apontar suposto elo com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), já que um dos supostos pistoleiros, Juanil Miranda Lima, ostentava tatuagem indicando que fosse integrante da fação criminosa. Ou seja, a tentativa é atribuir o atentado ao narcotráfico.















