O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), manifestou-se a respeito dos recentes conflitos registrados em propriedades rurais do estado, afirmando que organizações estariam promovendo o "aliciamento" de indígenas para realizar ataques a fazendas.
A declaração do governador ocorreu após a invasão de uma propriedade no município de Caarapó, a cerca de 278 km da capital. Segundo Riedel, a ação, que envolve a área conhecida como Fazenda Ipuitã, resultou na "expulsão dos proprietários, destruição de maquinário, insumos e a sede incendiada e destruída". Em resposta, o governador reuniu a equipe de governo e ordenou uma "rigorosa investigação e punição dos responsáveis".
O chefe do Executivo estadual ressaltou que as forças de segurança estão atuando para responsabilizar o que classificou como "organizações de aliciamento, manipulação e exploração da boa fé de um reduzido número de indígenas", as quais teriam "interesses muito além das questões fundiárias". Ele fez questão de diferenciar esse grupo dos povos indígenas em geral, que, segundo ele, são "atendidos diariamente por políticas públicas efetivas" do Estado.
Contexto da Disputa e Versões Conflitantes
A área em questão é palco de uma disputa histórica. A Assembleia Geral Aty Guasu do Povo Kaiowá e Guarani classifica a ação como uma retomada da Terra Indígena (TI) Guyraroká, reconhecida, segundo eles, pelo Estado Brasileiro desde 2011.
Em nota, a Aty Guasu, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) alegaram que a tensão foi desencadeada pelo suposto sequestro de uma jovem de 17 anos, que teria sido resgatada na sede da fazenda. Eles refutam as acusações de invasão armada, afirmando que se trata de uma "retomada legítima e pacífica de território ancestral".
Por outro lado, o Sindicato Rural de Caarapó emitiu uma nota de repúdio, relatando que a invasão na Fazenda Ipuitã foi perpetrada por "50 indígenas armados", que expulsaram o caseiro e atearam fogo em maquinário e plantações. O sindicato cita que o ocorrido se soma a outros episódios recentes de conflito na região. A Aty Guasu, por sua vez, rebateu a nota do Sindicato Rural, acusando-o de tentar "criminalizar" as comunidades e "espalhar desinformação" sobre a retomada.
Diante do cenário de elevada tensão, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) informou estar no local para restabelecer a ordem, atuando "de forma técnica, legal e proporcional".














