A aprovação da PEC que unifica as eleições e extingue a reeleição no Executivo marca, a meu ver, uma das mudanças mais profundas da política brasileira recente. Se confirmada, encerrará o ciclo iniciado em 1997, quando a reeleição foi criada, e abrirá outro, com mandatos únicos de cinco anos para presidentes, governadores e prefeitos.
Se o governador Eduardo Riedel (PSDB-MS) for reeleito em 2026, será o último sob as regras atuais. A partir de 2034, todos os chefes do Executivo governarão por cinco anos, sem novo mandato. No Legislativo, deputados e vereadores também terão mandatos de cinco anos, e o Senado deixará de renovar parcialmente — em 2039, as 81 vagas serão disputadas de uma só vez.
A proposta tenta corrigir distorções. A reeleição, criada para garantir continuidade, acabou virando instrumento de poder e desequilíbrio, com governos em “campanha permanente”. Já as eleições unificadas podem reduzir custos e dar mais clareza ao eleitor, que escolherá todo o ciclo político de uma vez.
A mudança exigirá maturidade institucional, mas oferece uma oportunidade de renovação: trocar a lógica eleitoral pela do planejamento e da governança. Em tempos de descrédito político, a PEC das eleições unificadas pode ser o início de um novo equilíbrio entre poder e cidadania.
Fonte : Bosco Martins
Escritor e Jornalista














